A pele que habito

A pele que habito

sábado, 29 de agosto de 2015

Indo

A irresistível chamada das coisas antigas,
Ou a diversidade dos interesses alheios
A voz que conheço
Nos fins e nos confins.
Borboletas de significados
Voam sobre cabelos de mel
E o vento dos teus silêncios
Na confusão das quartas-feiras, sempre de cinzas...
Tanto medo do tempo que escoa
Em dias desiguais,
Em horas desiguais:
As sombras de uma espera incontinente e
Cada uma das evidências em si bemol
O círculo de paz das coincidências
O orgulho implacável e furioso
Nossa completude paralisante
Sugando nosso sangue
Em lágrimas.
Toda vez tua estrela que brilha em outro universo
E esse anoitecer delirante
Dos carros e gentes que correm,
Pequenas luzes na rua cinza
E risos de criança
Tentando acalmar enquanto me escorro.
Oceanos à parte,
Suturados em linha de pesca
Na pele mais fina do braço
Marca congênita
Alma encarnada no fogo...
Vou aonde for e ouço
Essa vida de louca
Onde o vazio é cheio,
E todas as horas são velas acesas!
Mais instável,
Mais rígida,
Mais caos.
E a certeza do incerto
Tão mais palpável quanto a mais concreta pedra do chão.
Toda água do azul
Por uma taça do negro
E os passos em branco que
Fazem tudo vermelho...
 
(Poema publicado na Antologia Novos Poetas do Brasil 2015)