A pele que habito

A pele que habito

domingo, 10 de janeiro de 2010

Perdas Necessárias

Lembrando do título do livro de Judith Viorst, aliás bastante interessante para quem deseja entender a relevância das experiências de perda em nosso desenvolvimento psicológico, fico pensando que se eu continuar perdendo coisas para poder crescer no ritmo que venho fazendo, chegarei a quilômetros de altura antes dos 80...rs...Brincadeirinha! É que a perda tem sido um tema recorrente em minha existência, e como estou diante de mais um final e de um outro novo começo, é inevitável refletir sobre isso!

Confesso que sinto toda a empolgação e ansiedade pelas novidades que virão como sempre tem sido diante de uma fase nova, é quase um transe, noites sem dormir, sonhos e expectativas sem fim, o tempo que não passa nos últimos dias antes do fim da fase antiga...Essa, que a cada vez se torna mais dolorida, já que o tempo vem me fazendo desejar que algo fique! Queria que alguma coisa externa a mim permanecesse, não apenas lembranças e fotos, coisas que aconteceram e se foram, pessoas que estiveram tão próximas e que se foram, eu queria muito algo físico e palpável que ficasse mais tempo, algo que eu pudesse chamar de meu e que me tirasse essa sensação de que tudo me é apenas emprestado, algo com o que dividir novos começos, assim não teria sempre que enfrentar tudo sozinha e não ficaria com o coração despedaçado e congelado, como tenho ficado!

Talvez eu finalmente admita o desejo de algo seguro em minha vida! Depois de tanta confusão, terei a sorte de um amor tranqüilo, lindo e contínuo? De compartilhar a vida com outra pessoa e envelhecer com ela? De ser escolhida por quem escolhi? De ser amada por quem amo? Não sei, só Deus sabe, e isso vem até nós por pura Graça porque nada merecemos, de modo que talvez para mim isso já seja da alçada do milagre...rs...Ainda mais eu sendo assim, tão estranha como sou!! Cansei de esperar em vão, não sou do tipo que se envolve por nada, de modo que a vida terá que ser generosa comigo ou terei que me acostumar a essa sina de cigana, de andar sempre perambulando, começando e terminando, entrando e saindo, pegando e deixando, planta de raiz rasa, fácil de florescer, fácil de morrer... Sei que existe o lado bom de uma vida com tanta liberdade, sou sensível a este chamado constante pelo novo, pelo desconhecido, pelo que pode surgir inesperadamente na estrada, pela leveza de ser como o vento que anda por onde quer, mas não existirá também beleza e liberdade em escolher a serenidade de uma vida com pés no chão e endereço para voltar? De deitar nos braços de quem se escolheu para chamar de lar?

Desejo sinceramente que este meu novo começo seja o começo certo pelo qual venho esperando à tanto tempo, que finalmente eu possa ficar o suficiente para ver minhas sementes brotando, para sentir o coração encharcado de alegria e plenitude, por ter realizado algo bom, por ter construído coisas que durem...Esse, que é o meu mais acalentado desejo, COISAS QUE EU NÃO PRECISE PERDER, pelo menos não tão depressa.

Um amigo me disse que às vezes para ajeitar nossa vida temos que abrir mão de algumas coisas, espero não precisar mais ter de abrir mão de tantas coisas queridas no futuro!

Ok, perdas necessárias, mais um final à vista, mais um começo também, que Deus nos dê uma boa jornada e que eu não me perca pelo caminho!