A pele que habito

A pele que habito

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Amores imperfeitos

"...Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso por uma toalha
E te servir o jantar
Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação..." SKANK
Fui ver um amigo e sua banda dias desses, ele é um excelente guitarrista e adora tocar, o que faz por hobby e com muito orgulho...Nessa noite em especial, eles tiveram um grande momento, desses pra se guardar na memória e quando olhei em volta procurando a mulher dele, minha super amiga, percebi que ela não estava, me dei conta que nas últimas vezes ela nunca estava!
Nascemos nessa época de tamanha complexidade existencial que nem podemos mais brincar de tietar nossos amores...Todos ocupados em ter suas próprias vidas, a tão comentada individualidade, ninguém quer se misturar com o outro, decidimos psicanalizar tudo e o resultado disso é um bando de autômatos perdidos no tempo e no espaço querendo descobrir a si mesmo, esquecendo que aprendemos a ser nós mesmo primeiro com o outro.
Lembro desse filme em especial, com a Susan Sarandon e o Dustin Hoffman, não lembro o nome, só que tinham perdido a filha e tentavam convencer o ex-noivo dela a recomeçar a vida...Daí em certo ponto a Susan diz algo sobre o casamento significar ter alguém que testemunhe a vida da gente, naquele momento de sucesso do meu cunhado ela não testemunhava nada! Claro que devia estar fazendo algo importante, claro que ela mesma é importante...Mas que sentido pode haver numa relação nesse nível se não somos cúmplices e testemunhas um do outro?
Perdemos todo idealismo? Tudo é imortal enquanto dura? Amar é ter uma relação conveniente que me propicie alguma companhia e sexo quando preciso? Será que a gente ainda se apaixona? Será que alguém ainda quer ser a alma-gêmea de alguém? A pós-modernidade matou o amor?
Diz o Skank que amores imperfeitos são as flores da estação...Hoje em dia estar com alguém significa ter que se desculpar por não ser nunca O ALGUÉM daquela pessoa? Sim, porque intentar ser o tal significaria uma incrível imaturidade de ambas as partes...Temos que aceitar que somos o parceiro desse instante apenas, ou algum tipo de quebra-galho?
Não é por acaso que nos sentimos soltos quase que o tempo todo, com vínculos tão frágeis quem pode se sentir seguro? E estando inseguros o tempo inteiro, quem consegue se entregar de forma menos neurótica numa relação? Transformarmos nossas vidas amorosas em obras do Nelson Rodrigues? Dá pra sentir tesão sem sentir medo?
Amores imperfeitos...