A pele que habito

A pele que habito

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Amor de Velhinhos...

" A ausência da satisfação faz com que os objetos de amor surjam aos nossos olhos como envoltos em um mágico véu, e tenham aquela aparência de periculosidade que constitui o seu fascínio."
Th. Reik


Difícil falar desse assunto...(minha amiga Roberta colocou uma foto no facebook de 2 velhinhos pelados se abraçando e isso voltou à minha mente com força, tive que escrever um pouco a respeito).

Tempos atrás vi uma cena tão simples e ao mesmo tão rara: Um senhor de idade avançada ajudava sua esposa, também idosa e visivelmente mais frágil a subir no ônibus e sentar-se no banco, o que chamava a atenção era a doçura com que ele a olhava, a gentileza de seu toque, a proteção contida em cada gesto, a dedicação e o comprometimento dele em fazê-la sentir-se bem. Em meio à sua dificuldade motora, ela disse a ele: - Eu falei pra você, devia ter vindo sem mim, aproveitaria melhor o passeio! Ao que ele repondeu divertido: - Minha cara, não teria a menor graça sem você...E ela sorriu encantada, sentou-se ao lado dele e deu-lhe o braço neste gesto tão característico dos casais que se amam faz tempo.

Lembro que cheguei no trabalho meio emocionada, meio confusa, estava vivendo tempos difíceis nessa área...Era isso o que eu queria pra mim, um amor de velhinhos, um amor até ficar velhinhos: Como é que se chega nisso? Confesso que apesar de meus 34 anos de idade e várias confusões amorosas, o que tenho é um coração de menina. Se existem regras ou estratagemas nesses jogos do amor, ninguém me ensinou nenhuma, meu pai conheceu minha mãe com 11 anos de idade na rua em que morava, com 17 ele deu a ela um anel de noivado, com 19 casou-se e com 21 eu nasci... Ainda estão juntos após muitas e muitas histórias e fases! Um amor de meninos que está virando amor de velhinhos! Não sei se foi fácil pra eles, acho que não foi e não é, mas eles seguem em frente, fazendo o caminho ao andar.

Como chegamos nisso??????????????

O segredo estará nas escolhas que fazemos? Talvez na forma como solucionamos nossos conflitos? Talvez na maneira como construímos nossas relações? Talvez em valorizarmos as coisas certas? Talvez em nossa habilidade para nos manter comprometidos? Talvez na manutenção do respeito e do afeto na forma em como tratamos a pessoa amada?

De forma geral temos uma enorme tendência em racionalizar tudo. Tantas vezes ainda me pego tentando escolher racionalmente o que o coração teima em escolher sem razão nenhuma. Talvez o segredo para a longevidade do amor esteja em sermos impulsivos na escolha e racionais na manutenção, amarmos quem nosso coração quer amar, mas pensar nos detalhes dessa relação com sensatez, avaliar nossas atitudes e suas conseqüências dia após dia, semeando e regando sem cessar o jardim que decidimos cultivar.

Quando digo "talvez" sou absolutamente honesta, isso porque esse assunto pra mim é muito misterioso, um total enigma, sei que minhas esquisitices podem ser muito interessantes, mas sei também que elas podem assustar as pessoas (...rs...), sou muito de lua, meio avoadinha, completamente atrapalhada (especialmente no começo), tem horas que vivo em outro mundo e o cara terá que ser meio especial pra lidar com isso numa boa e continuar me amando e me dando um pouco de realidade.... Ontem um amigo perguntou se eu me achava difícil de ser amada, respondi que sabia que muitas pessoas gostavam muito de mim, mas que não sabia se eu era fácil de ser amada ou não, no fim descobri que ele tinha a mesma percepção de si mesmo! Depois, pensando que amor de verdade poucas vezes tem a ver com méritos pessoais, percebi que ninguém tem essa resposta - só o que sabemos é que todos precisamos e queremos ser amados.

A velhice chega para todos nós inexoravelmente, um dia vou olhar no espelho e ver algo muito diferente do que vejo hoje, um dia vou olhar para o lado e ver algo muito diferente do que via antes...O que mais quero é estar com alguém que quando me olhar nos olhos veja tudo o que fui, sou e serei e ame todas as partes! Difícil? Talvez. Mas tenho essa necessidade intrínseca de excelência que não me deixa contentar com menos: IMPERFEITO com certeza, mas MEDÍOCRE??? Impossível...Eu quero um amor de velhinhos! E quanto mais demora para eu achar mais mítico ele fica (vide texto de cabeceira), até porque só dá para descobrir se o amor que estamos vivendo é um "amor de velhinhos" conforme ele for se tornando um, né? De qualquer forma, acredito que achar alguém que também queira isso já é um bom passo. Afinal, uma das coisas que certamente contribuem para a longevidade do amor é a persistência em simplesmente FICAR...As estações vão e vem, a paixão também e como diz Tolstói: "...conhecendo um homem a sua própria mulher, a mulher a quem ama, conhece melhor as mulheres que se tivesse freqüentado muitíssimas..."


Sou uma menininha no amor, mas tenho sonhos de moça crescida, a coisa tinha tomado tal proporção em minha vida que eu andava correndo pra me esconder embaixo da cama, agora ando mais independente...rsrs...ainda tenho medo, é fato, mas não fico mais paralisada! Vamos ver o que a vida reserva, de qualquer forma, fica o sonho e com ele a força de um desejo: um pouco imaturo talvez, um tanto fantástico, outro tanto romântico, mas vigoroso e verdadeiro! Queria alguém que não se importasse de segurar meu coração e mantê-lo aquecido...