A pele que habito

A pele que habito

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A Ditadura do Legal

O legal nunca diz não.
Nunca diz feio
Nunca diz errado.
O legal quer ser feliz
Quer ser alegre,
Quer ser liberado.
O legal tá nem aí
Pro outro
Pro seu vizinho
Ou pro legado.
O legal manda no mundo
Segrega, humilha,
Censura e delata.
O legal de tudo se inocenta
Do riso fácil, da boca dura.
Ouro de tolo, ovelha míope,
No fundo é burro.
O legal não tem certeza
Não se coloca,
sempre se entorta
sempre desloca.
O legal não tem fronteira
Só tem bobeira
Nela se enforca.
O legal não tem postura
Só descostura
E não se esforça.
O legal faz voo raso
Debulha um vaso
E não se entrosa.
O legal é fraco.
Ou é covarde
Ou é vazio.
Os que subvertem
Encontram alma,
Dragão vermelho
Bicho arredio.
O legal não pensa
O legal não dispensa
Vive na prensa
Do não coibir.
No fim de um mundo
Pra não ser legal
Basta existir.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Coisas de menina

Texto da minha menina predileta: Mlle Nadine Pellissier


Não se perca de si pequena, guarde aquela essência dentro de ti, por mais que as lágrimas cheguem de madrugada, e o medo te invada, não se perca de si pequena.
Onde está aquele mundo com aqueles lindos olhos que o via, de forma igualmente bela?
Onde está a coragem menina? Acorda! Ou melhor, dorme, descansa um pouco abandona essa insônia que tem te mantido acordada; essa insônia que te mantém dormindo enquanto a vida passa.
Muda! Teus dias, teus hábitos...Cria! Novos sorrisos, novas páginas no teu livro, reescreve alguns capítulos, muda tua história.
Cadê aquele sorriso escancarado, a beleza refletida no vidro? Onde foram parar aqueles passos firmes de mulher que mal sabiam para onde ir, mas sabiam que deviam caminhar? Aqueles passos decididos de: ”...se não for o caminho certo eu me viro” ?!?
Menina, onde estão aqueles sonhos que se tornavam reais simplesmente porque você queria, e não esperava as circunstâncias?!
E aquele pára-quedas que você sempre pintava quando percebia que não era salto e sim queda?
Cadê mulher? A sua sensualidade? A sua casualidade? A sua liberdade? Cadê aquele amor que você buscava? Aquele não estereotipado amor!?! Aquele que você ansiava...?!?
Se lembre das estrelas, de você deitada na sua cama as olhando de ponta cabeça e a paz que você sentia só de olhar as estrelas... (elas continuam lá).
Lembre das risadas com os amigos, cadê aquela alegria de criança, que você sempre tinha guardada no bolso? Cadê a leveza que você cultivava no seu coração?
E a esperança? O que você fez com toda aquela esperança, que você custou a juntar? Cadê aquele ESPERar com segurANÇA? Essa coisa linda que nos mantém vivos, que nos faz querer ser melhores e ir além... A esperança ri diante das impossibilidades, ri do orgulho, ri do tempo. A esperança ri diante do ‘não’ e nas costas do ‘talvez’. Esperança, aquela palavra bonita que você enfeitou com flores e desejos e brincou de esconde-esconde por um tempo, cadê?
E aquele buque de sorrisos?
Não se perca tão fácil de si menina, você mesma sabe que tudo passa, e o que fica é verdadeiro, o que fica é aquilo que você tem cultivado, cuidado, e sendo assim permanece... Menina tudo passa até essa sua meninice passa, pra dar lugar a uma mulher, mas que ainda vai fazer meninices, porque essas são que trazem os sonhos e as esperanças...
Mulher não se perca tão fácil dessa sua menina, não deixe que ela desapareça. Mulher SEJA! Mas saiba recorrer à sua menina, quando a vida começar a apertar e essa linda mulher começar a duvidar...