A pele que habito

A pele que habito

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Clones ou mulher-ânima e homem-animus...

Tomei o maior susto do mundo esses dias ao me deparar com uma figura que simples e inexplicavelmente, decidiu ser igual a mim! Naturalmente, se fosse alguma adolescente novinha, ou mesmo minha sobrinha pequena, teria ficado até lisonjeada com a homenagem, mas pasmem, era uma pessoa adulta...Na hora achei tão despropositado e assustador que fiquei sem ação, diante de alguém tentando copiar você nas mínimas coisas: gosto pessoal, opiniões a respeito da vida, jeito de ser e agir, quem não pensaria naquele filme "mulher solteira procura" ?

Fiquei com medo, depois com raiva, depois comecei a pensar no assunto, refletir nas razões daquilo e, surpreendentemente passei a ver outros casos semelhantes ao meu redor.

Pensando um pouco no que já li e vi sobre esse tema, lembrei dos famosos camaleões-emocionais, aqueles que sem uma identidade definida e carentes de um afeto genuíno que possam fazer o que seus primeiros modelos não fizeram (ou seja, não foram OLHADOS o suficiente quando pequenos e, portanto, não se tornaram EXiSTENTES e NÃO SÃO), acabam por tornar-se o que seus objetos de amor querem que eles sejam, aderem-se à um modelo determinado pelo gosto pessoal daquele que promete oferecer o que lhes falta, copiam esse modelo, se tornam esse modelo e podem viver anos SENDO o que não são, até que essa relação termine, ou porque eles mesmos amadurecem e conseguem definir uma verdadeira identidade ou porque seus parceiros percebem o vazio dentro da suposta mulher-perfeita ou homem-perfeito e, ao se dar conta de estar amando uma miragem, acabam partindo.

Na literatura Junguiana são chamados de mulher-ânima ou homem- animus, isso porque, segundo essa teoria, todos temos dentro de nós um figura masculina ideal (animus) e uma feminina ideal (anima). Esses seres sem forma psíquica acabam por identificar dentro de nós esse objeto ideal e interpretá-lo ativamente em sua vida, tornando-se assim e por algum tempo, exatamente o que desejamos. Incrível a versatilidade e rapidez com que mudam de idéia, valores, gostos e personalidade, passando de franco-atiradoras à virgens-indefesas num piscar de olhos, de mulher-objeto a feminista-intelectualóide, de maloqueiros a mauricinhos, de canalhas a príncipe encantados. Assustador e cada vez mais visto por aí, já pensou ir dormir com a Lady Di e acordar com a Dona Chepa? Rs

Naturalmente esse quadro se traduz em desordem psíquica, bastante grave inclusive,  em casos mais graves, até Transtorno de Personalidades Dissociativas...Ou, nos mais corriqueiros, o que encontramos mesmo é muita mentira, simulação, ilusão, todo tipo de distorção e canalhice, tudo justificado pela premissa mais injusta da Terra: vale tudo no amor e na guerra!

Onde estarão a verdade, a originalidade, a transparência, o prazer e a liberdade de se ser amado pelo que se é, não pelo que se faz para obter? Por que achamos que um sentimento nascido com base no engano, no fingimento, na representação infame, na utilização do coração de terceiros como moeda de troca e passe de ciúme, pode dar certo? Quando experimentaremos novamente o amor genuíno, baseado em verdade, na simples troca de olhares, afeto e experiência de vida? Quando poderemos ser quem somos, ser admirados e amados, sem ser meramente invejados e copiados por malucos imaturos e desnorteados que não sabem quem são e jamais saberão porque procuram fora o que não encontram dentro?

Em suma, pelo amor de Deus, figura, não queira ser igual a mim, seja você doa a quem doer! Modelos são bons para nos ensinar idéias, valores, visão de mundo, e tantas outras coisas, mas ninguém pode ser quem não é, somos únicos em nós mesmos. Conselho: Vá trabalhar sua auto-estima!