A pele que habito

A pele que habito

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sobre o poder da verdade...

Todo mundo conhece uma das máximas de Cristo sobre o tema acima, o famoso:

"..conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.."

Como tudo o que existe na Bíblia, ouço esse verso nos mais diversos e estranhos contextos, para justificar as mais bizarras grosserias, para explicar toda sorte de insensibilidade e indiscrições. Mas fica a pergunta: A verdade liberta?

Eu sou árdua defensora da verdade, da clareza, da transparência, da habilidade de viver sem se esconder, de cara-limpa. Óbviamente, essa é uma das coisas mais difíceis de se fazer nesse mundo, inclusive, porque ao ser defensor e prático da verdade, inevitavelmente você se expôem muito e, como muitos vivem de ser sacanas e mentirosos, nos machucamos bastante.

Libertamos as pessoas quando dizemos a verdade, quando mostramos a elas quem realmente somos (isso quando já descobrimos quem somos...rs...pelo menos naquele momento), permitimos que elas nos vejam e compreendam melhor a relação que estabelecem conosco. Dizer a verdade é dar chão para que as pessoas se estruturem, é ser justo, é ser bom, é ser decente, é ser um ser humano do bem!

Dia desses um amigo querido me disse que quem trai, só trai a si mesmo! E diga-se de passagem, não existe traição sem mentira, aliás a traição em essência é uma mentira...É vero, quando traímos, traímos a nós mesmos (nossos valores, a vida que escolhemos, o amor que sentimos, o respeito que mantivemos até então), mas também traímos outra ou outras pessoas, não existe mentira ou traição sem promessas desfeitas, sem mágoas (muitas vezes proferidas injustamente) , sem vidas e sonhos destruídos.

Lembrei agora do filme "A Época da Inocência", na primeira vez que assisti, adolescente romântica que era, fiquei tão compadecida do amor frustrado do casal central, com raiva do homem que não teve coragem de abandonar seu compromisso e ficar com a mulher desejada, também fiquei achando a noivinha quase abandonada uma pequena víbora manipuladora...Hoje em dia, depois de ter tido tantas experiências estranhas na vida adulta, compreendo que nos momentos de dúvida e conflito, o que deve nos nortear são nossos valores, nossa consciência, nossa capacidade de avaliar as conseqüências de nossas atitudes e o que causaremos na vida de outras pessoas, me pergunto: Dá pra ser feliz destruindo a felicidade alheia?

Aos que acreditam mentir por amor, digo que quando mentimos não protegemos ninguém, até porque as emoções pairam ao nosso redor, o não-verbal fala mais alto que o verbal, nossa intuição tece toda verdade em nosso coração, ainda que não se fale a verdade para a mente. Esconder, mentir, enganar, iludir, manipular, contradizer, são armas prediletas daquele que alguns chamam de pai-da-mentira, você pode não acreditar em diabo, mas certamente já viu o mal atuando por aí sob alguma forma. Tanto se valorizou por aí tais capacidades como sendo sinônimos de inteligência e talento, mas afirmo com rigor que até um retardado sabe mentir!

A verdade dita para o bem, na hora certa, da forma certa e com propriedade salva vidas! Ela permite que se construam perspectivas reais para a existência, num mundo onde tudo é imagem, sinto falta de um pouco de vida real. Onde estão os grandes defensores da verdade? Quando teremos vozes do bem falando mais alto que esse pão-e-circo que tem dominado até as mentes mais férteis?

Tem horas que meu corpo e minha alma clamam tanto por verdade que fico cansada de viver!

Falemos a verdade, amigos, senão por convicção pessoal, ao menos por caridade!