A pele que habito

A pele que habito

domingo, 22 de agosto de 2010

1 João 4.18

" No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo..."

E que coisa incrível é buscar respostas em algo tão misterioso quanto uma Bíblia, para todos que duvidam do transcendente só tenho uma coisa a dizer: a vida transcende!

Sabe o que quero? Paz!

Sabe do que preciso? Sossego para continuar adiante, crescendo, produzindo, construindo!

Sabe onde vou encontrar isso? Nas coisas simples. Nas palavras sinceras. Em tudo que a luz ilumina.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Colando Clarice...

"Estava permanentemente ocupada em querer e não querer ser o que eu era, não me decidia por qual de mim, toda é que nao podia ser; ter nascido era cheio de erros a corrigir. Só tinha tempo de crescer. O que eu fazia para todos os lados, com uma falta de graça que mais parecia o resultado de um erro de cálculo. Na minha pressa eu crescia sem saber pra onde."


"Tudo tem que ser...
Tudo tem que ser bem de leve para eu não me assustar e não assustar os
que amo.
Pedem-me pouco, pedem-me quase nada.
O terrível é que eu tenho muito para dar
e tenho que engolir esse muito e ainda
por cima dizer com delicadeza : obrigada
por receberem de mim um pouquinho de mim!"


"Por não estarem distraídos
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a
garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca
entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta
sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam
e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede
deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a
sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o
brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles
admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se
transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande
dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não
via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto
ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais
erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham
prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de
súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar
um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se
estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a
carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou
os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

(Frases e Pensamentos de Clarice Lispector)