A pele que habito

A pele que habito

sábado, 13 de março de 2010

Por que gosto do Jeff Bridges...

“ Kiakudikila, kiazanga...”
(O que se mistura separa...)
Luandino Vieira – Luanda
(VIEIRA, José Luandino.Lourentinho, Dona Antonia de Souza Neto & Eu.Estórias.Luanda: Edições Maianga, 2004)


Quando me propus a estudar o que ando estudando, a saber, os Distúrbios do Desenvolvimento, nunca imaginei que teria que fazer tal esforço de refletir sobre tantas coisas diferentes, analisadas sobre tantas abordagens diferentes, acrescentar a isso tudo o que é próprio meu e que já é o resultado de tantos pensamentos e sentimentos diferentes e chegar à conclusões sempre com tantas facetas diferentes...rs...E nesse exercício, manter meu eixo e ser capaz dessa salada toda retirar uma essência única, coerente e viável de se aplicar à um trabalho! Em uma palavra (e minha professora me mataria se ouvisse uma definição tão maluca) INTERDISCIPLINARIDADE! Algo mais ou menos no contexto de um intercâmbio ativo dos saberes com um propósito definido.

Depois de pensar sobre isso por uma semana inteira, me coloco a assistir o Oscar para espairecer, ver os vestidos das atrizes (aliás onde se meteram a Nicole Kidman e a Angelina Jolie?), a beleza dos atores (saudades do Brad Pitt, ainda bem que o Keanu Reeves compareceu...rs...) e claro, assistir o magnífico Jeff Bridges ganhando o Oscar.

Sempre gostei dele! Especialmente pelos papéis que escolheu durante toda sua carreira, sempre grandes papéis (destaques: Pescador de Ilusões, Grande Lebovisci – é assim que se escreve? ...rs... entre outros), sempre grandes interpretações, sempre aproveitando seu talento e beleza em performances que fizessem sentido para ele, certamente nunca foi o mais bem pago de Hollywood, mas com certeza, sempre muito respeitado!

Na hora da apresentação dos atores surge a sempre lindíssima (mesmo mais velha e sem plástica) Michelle Pfeiffer, indicada (aliás muito merecidamente, ela está ótima no filme) ao Oscar por “Susie e os Baker Boys” (personagens densos, relações complexas, muito de humano em cada atuação e o meu favorito dele até hoje, afinal que mãos são aquelas??? ...rs...), ainda preciso assistir o filme novo...Ela começou a falar sobre o talento e perfeccionismo de Jeff, detalhes de sua relação durante as filmagens e coisas assim, mas foi quando ela passou a elogiar a vida respeitável que ele construiu para si mesmo, junto à sua família, esposa e filhas que os olhos dele se encheram de lágrimas!

Bom, quem me conhece sabe que a hora em que ele me conquistou pra sempre foi ao agradecer à esposa, com quem vive faz mais de 30 anos, com quem teve 3 filhas e a quem ainda ama (estava na cara dos dois chorando que isso era um fato) !!! Ele é muito mais do que um cara bonitão, com grande talento e sucesso na vida, ele é um ser humano a quem se pode respeitar por seus valores, por sua maneira de ver e ser no mundo! Alguém que soube priorizar as coisas realmente valiosas de sua vida, e quando o sucesso e o reconhecimento chegam tudo é por completo! Não sei detalhes de sua vida, se houveram períodos ruins, fases difíceis, erros grandes e pequenos, imagino que sim...Mas se houveram, houve também superação, reconstrução, recuperação, ou uma cena daquelas não teria acontecido!

O que o Jeff Bridges tem a ver com Interdisciplinaridade? Ando ficando maluca de tanto estudar? Ainda acho que não, mas até o final desse mestrado tudo é possível...rs...

A relação entre os dois assuntos é simples e óbvia, não existe interdisciplinaridade se não houver uma atitude de humildade e abertura para o saber do outro, um respeito mútuo, uma troca constante, uma postura de ouvinte ativo e comunicador generoso, uma capacidade de empatia e de envolvimento genuíno com o que o outro tem a repartir...Também não existe sucesso em nenhum tipo de relação, seja com outras pessoas, seja com nosso trabalho, seja conosco mesmos, se não houver as mesmas coisas: humildade, abertura, respeito, troca constante, real interesse, ouvidos, comunicação, generosidade, empatia (muita empatia), envolvimento sincero!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Talvez de tudo a palavra mais preciosa de hoje seja generosidade, ser generoso para dar ao outro o que ele precisa, quantas vezes vejo (e me vejo nisso também) as pessoas tão fechadas em suas certezas, dando desculpas para atitudes ruins por pura preguiça de fazer o bem ao outro. Construir uma vida boa, relações boas, trabalhos bons é um processo constante de dedicação e trabalho, não é coisa para preguiçoso, definitivamente...

Sei que tem horas em que ficamos cansados, já demos tanto para quem não sabia ou não tinha condições de receber e retribuir, mas se seguirmos exercitando esse doar, este construir, os resultados finalmente chegarão e, quando chegarem, a alegria vai ser tamanha que todo o desgaste e esforço passados serão como nada diante do que recebemos!

Sejam mais seletivos sim, isso porque escolher bem também faz parte da sabedoria de viver bem! Porém não deixem de ser generosos, delicados, gentis, bondosos, quem não quer amar alguém com um coração benevolente? Eu mesma, viro um doce, talvez mais para um chocolate com pimenta ou tortinha de limão, já que nunca serei uma pessoa lá muito fácil, afinal não é à toa que meu sobrenome é Pedrosa...rs...Mas definitivamente, eu viro um doce quando bem tratada, quem não vira? Só se for maluco mesmo, né?

Última observação, quando a gente aceita se misturar no outro de forma consciente e por benevolência, a gente consegue manter nossa própria identidade...Vira um caminho de mão dupla ou tripla, em que dois são um e um são dois, ou dois são três e três são dois (se a família cresce, ou o grupo de trabalho aumenta). Todo relacionamento em que teimamos em feudalizar, vira neurose e aí nos perdermos em meio às doenças da relação, daqui a pouco ninguém mais sabe quem é quem, ou até porque está ali!

Em tempo....relação de amor verdadeiro nunca é relação de poder. Exemplo disso é Deus, Ele que é chamado de O Amor, alguém pode me dizer quem manda em quem na Trindade? Boa essa, né? rs