A pele que habito

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domingo, 22 de junho de 2025

EMMA BOVARY x MARIA: uma reflexão sobre a Identidade Feminina à Imagem de Deus

 

Texto Básico: Lucas 1:26-42

 

Introdução: Emma Bovary, o protótipo da mulher sem Deus

O arquétipo[1] gerado a partir da protagonista criada por Gustave Flaubert é atemporal e transcultural. Pode ser traduzido como uma espécie de buraco negro existencial e espiritual. O buraco negro que todos somos antes de conhecer a Cristo. Alienados complemente daquilo que Deus nos criou para ser, vagamos em desespero, na busca que algo nos diga quem somos (seres criados para a eternidade, mas que caíram em desgraça) e do que precisamos (da Glória de Deus para voltarmos a ser quem fomos criados para ser).

Bovary representa essa insatisfação aguda e crônica, sua derrocada fatal resulta de sua tentativa de compreender quem é do que precisa por meio das influência e ideologias em voga em sua própria época e contexto. Única fonte de esclarecimento disponível para quem não busca a Deus.

É bastante nítido para qualquer pessoa que lê o livro de Flaubert ou vê o filme, que Emma tem uma concepção de si e da vida completamente equivocada. Sua formação cultural empobrecida (vida rural de uma mulher no século XIX e de leitura de romances ruins) e destituída de qualquer ideia de transcendência a tornam refém de um ego infantil e inflado que nutre fantasias de superioridade e a tornam fútil, vazia, desesperada por se dar uma condição de vida mais adequada aos seus desejos, culpando os outros por suas escolhas cruéis e egoístas, ferindo todos aos seu redor, destruindo seu caráter, sua família e, por fim, sua própria vida. No caso de Emma e de muitos de nós:

“O Ego é um falso self que se identifica com o que ele possui (ou quer possuir), com o que faz (ou deseja fazer) e com o que os outros pensam sobre ele.” Eckhart Tolle

Ao contrário do que dizem alguns teóricos, Emma não é uma feminista tentando se satisfazer sexualmente, mas busca no adultério e no consumismo meios de realizar a vida fantasiosa que acha que merece viver a partir de sua consciência equivocada de si mesmo.

Emma não se conhece, não se vê, não identifica suas reais necessidades, potenciais ou talentos, mas como o SER é inerente ao seu humano, busca construir sua identidade naquilo que lhe foi oferecido – o mundo. E esse mundo a devora!

 

1)    O QUE É IDENTIDADE?

Para as Ciências Humanas, a ideia de Identidade é um conceito MULTIFACETADO.

Para o psicólogo Erik Erikson, a identidade de cada ser humano se desenvolve ao longo de várias etapas da vida, sendo a adolescência um período crítico desse processo, que pode ser retomado sempre que traumas ou mudanças dramáticas nos levam a recomeçar.

O conceito de identidade se traduz em um senso integrado e contínuo de quem somos e ele se forma a partir de:

a)     Definições individuais e coletivas (ou de como eu me percebo somado a como as pessoas ao meu redor me percebem)

b)    Classe social, nível cultural, etnia, gênero

c)     Tradições culturais e familiares, práticas, histórias coletivas e individuais

d)    Elementos de formação ao longo da vida, fatores de desenvolvimento biopsicossocial, experiências pessoais.

e)     Relacionamentos

 

“meus livros, meus discos e minhas pessoas”

 

·        IDENTIDADE BEM CONSTRUÍDA:

Entendimento claro e forte de quem a pessoa é, baseado em uma compreensão e integração saudável de suas experiências, crenças, valores e influências.

Consciência de Si: Pessoa compreende de forma real e profunda suas características, habilidades e limitações.

Valores e Crenças: Pessoa tem clareza sobre esse tema e guia suas escolhas e atitudes a partir dele.

Coerência Interna: Alinhamento coeso entre como a pessoa se percebe e como ela age no mundo.

Capacidade de Adaptação: Porque sua consciência de si é sólida, pode evoluir e se adaptar em resposta a novas experiências e contextos sem se desestruturar.

Relacionamentos Saudáveis: Reflexo das anteriores, gerando real senso de pertencimento.

Autoconfiança: Enfrenta desafios com segurança e se comunica de forma assertiva.

Reflexão e Crescimento: Compreende que o SER é algo em constante desenvolvimento, algo orgânico, vivo

 

·        IDENTIDADE HUMANA E O EVANGELHO DE CRISTO:

Para nós cristãos a principal fonte de elementos para a construção de nossa identidade está na Palavra de Deus, na compreensão daquilo que nosso Criador deseja que sejamos e a apropriação desse conhecimento se dá através de um relacionamento profundo, constante e verdadeiro com Seu Espírito que nos transforma, de Glória em Glória.

Sabemos que fomos criados à imagem dEle:

IMAGO DEI – Todo ser humano possui dignidade, valor intrínseco e capacidade de refletir características divinas como a razão, a moralidade, a criatividade...

Com a QUEDA, embora cada indivíduo continue tendo um valor inato diante de seus semelhantes, a alienação de Deus e a natureza pecaminosa impactaram a construção de nossa identidade, pois perdemos nosso relacionamento com Deus, que é a fonte de toda a perfeição.

Com a REDENÇÃO, nossa identidade caída é transformada pela ação do Espírito por meio da fé em Cristo (1 Coríntios 5.17)

REDIMIDAS podemos outra vez nos tornar a MELHOR NÓS MESMAS QUE PUDERMOS SER EM CRISTO, porque refletiremos o caráter de Cristo através de nossas qualidades singulares. (PRISMAS)

Nossa NOVA IDENTIDADE de FILHAS DE DEUS inclui: novo sendo de pertencimento e de valor, novo modo de viver-pensar-sentir-agir, uma nova vocação particular que nos traz um senso de propósito e realização, um aspecto coletivo ao nos tornar parte do Corpo de Cristo, coisas que influenciam em todas as áreas de nossa vida e relacionamentos.

·        IDENTIDADE DA MULHER EM CRISTO – UMA PECULIARIDADE:

 

No que tange especificamente ao Feminino, recebemos uma revelação extra e particular sobre quem somos. Em Gênesis 2.18, portanto, antes da QUEDA, encontramos:

“O Senhor Deus disse ainda: Não é bom que o homem esteja só, farei para ele uma AUXILIADORA QUE SEJA SEMELHANTE A ELE.” (NVA)

Ou AUXILIADORA IDÔNEA (VAA)

 

No hebraico original temos EZER KENEGDO:

EZER – Conotação de auxílio, ajuda, fortalecimento. Termos usado várias vezes no AT para descrever não a mulher, mas Deus, em especial em sua relação com o povo de Israel. Ajudador = EZER (Oséias 13.9) Deus é o EZER, sem Ele o povo de Israel não consegue sobreviver ou prosperar.

KENEGDO: Que é com ele ou está diante dele. Indica relação de complemento e parceria. É a mesma ideia de SUBMISSÃO, que significa auxiliar na missão de alguém, abraçar como sua, apoiar, suprir, fortalecer.

Ser EZER KENEGDO para o homem, portanto, NÃO TEM NADA A VER com ser subalterna, inferior ou subordinada. Deus fez a mulher para ser a AJUDA que o homem necessitava para cumprir os MANDATOS que Ele deu à humanidade.

 

Na interpretação da nossa própria Língua Portuguesa há um equívoco, muitos tem compreendido a palavra AUXILIDORA (aquela que auxilia, ajuda, fortalece, possibilita) com AUXILIAR (subalterno para tarefas menores). NÃO É A MESMA COISA!

As vezes penso que assim como a liderança masculina deve se espelhar no modelo de Jesus; nosso trabalho de auxílio deve se espelhar no modelo de ação do Espírito Santo. Quem é maior na Trindade: Jesus ou o Espírito Santo? A Missão de nos reconciliar com Deus poderia acontecer sem algum dos dois?

Qualquer Teologia que considere homem e mulher diferentes no que tange à importância e posição diante de Deus é, portanto, equivocada.

 

2)    TRÊS ASPECTOS DA IDENTIDADE DA MULHER CRISTÃ: EMMA X MARIA

 

Na Bíblia são vários os momentos em que pedaços da verdade de Deus sobre a Identidade Ideal que planejou para suas filhas aparecem. Textos como o da Mulher Virtuosa, em PV. 31.10-31, sob o qual nos debruçaremos a tarde revelam várias nuances de projeto de Deus para cada uma de suas filhas; as várias histórias bíblicas onde mulheres aparecem como protagonistas ou coadjuvantes significativas nos mostram muitas dessas características que ele espera que sejam formadas em cada uma de nós através da ação do Seu Espírito.

Escolhi três dessas características que considero seminais e cuja importância cabal acaba nos sendo ilustrada na narrativa de Bovary, exatamente porque ela não as possuía.

 

a)    EMOTIVIDADE X REFLEXÃO:

 

As emoções e sentimentos não são boas ou más em si mesmas. Fazem parte da nossa vida, são importantes na forma como sentimos o mundo e reagimos a ele, mas emoção sem reflexão é sinônimo de estupidez.

“MULHERES SÃO MAIS EMOTIVAS DO QUE OS HOMENS” (Verdade ou Mito?)

Esse estereótipo deriva de uma combinação de fatores sociais, culturais, psicológicos, históricos e biológicos. Pesquisas, no entanto, revelam que homens e mulheres processam e expressam emoções de formas diferentes. Embora mulheres possam ser mais propensas a relatar emoções ou expressá-las de forma mais direta, isso não significa que os homens não experimentem emoções intensas. Assim como o fato de os homens se expressarem, em geral, de forma mais lógica e objetiva, não significa que mulheres não sejam aptas para o raciocínio e a reflexão. Inclusive a Bìblia diz que a “A MULHER SÁBIA EDIFICA A SUA CASA” (PV 14.1); não diz a “mulher emocionada”.

Aqui, a palavra SÁBIA, no hebraico original, é CHOKMAH , se traduz em INTELIGÊNCIA PRÁTICA (conhecimento teórico + habilidade de aplicação eficaz no cotidiano); INTELIGÊNCIA MORAL (capacidade de discernimento e de fazer julgamentos éticos corretos, compreensão dos caminhos de Deus e do comportamento justo); HABILIDADE ARTISTÍCA E PROFISSIONAL e OPOSIÇÃO DIRETA À TOLICE E INSENSATEZ.

Já vimo na história de Bovary que todas as suas escolhas se basearam no oposto disso. Nunca houve ali reflexão, ponderação, consciência ou lógica; apenas reatividade, desejos mal compreendidos e entregas inconsequentes.

No texto básico com o qual começamos nossa reflexão observamos o encontro de Maria jovem (que viria ser a mãe de Jesus) com o Anjo que lhe anuncia o Evangelho e sua participação nesse  processo. A resposta dela à essa abordagem nos traz algumas informações muito interessantes sobre o que é a identidade que Deus deseja para cada uma de suas filhas.

Maria era uma adolescente de uns 14 anos, devia ser muito pobre (o que a oferta dela e de José no ato da circuncisão de Jesus revela), era uma menina camponesa que enfrentará desgraça aparecendo grávida sem ser casada. No entanto, essa pobre menina grávida se tornou um dos seres humanos mais famosos e evocados da história. O que a tornou tão extraordinária? A resposta que ela deu ao anjo e que revela muito de quem ela era e do exemplo que deixa para nós.

A primeira coisa que Maria faz após ouvir o anjo é PENSAR. (Lc 1.29) Não se deixa levar pelo temor ou pelo espanto de ser abordada por um ser sobrenatural. Ela reflete sobre o que está ouvindo e QUESTIONA o anjo de forma perspicaz, como alguém que compreende a realidade da vida e intui também a realidade da transcendência. A palavra grega para ‘perturbou-se’ é diatarassó que se refere a um estado de preocupação, de inquietude. Maria se espanta, mas essa agitação interna não a desorienta, ao invés disso a leva a refletir. Maria estava lutando para compreender e crer no que estava ouvindo com sua inteligência. E além de inteligente, Maria era honesta e transparente acerca de suas incertezas e questionamentos.

“Dúvidas sinceras permitem aprendizagem, informações e bons argumentos.” (Keller, T. 2015, p.233)

Foi, inclusive, exatamente sua pergunta direta que nos permitiu receber a maravilhosa declaração: “Para Deus nada é impossível.” (Lc 1.37)

Lucas confirma essa característica de reflexão e inteligência de Maria em 2:19 - “Maria, porém, guardava todas essas coisas, conferindo-as em seu coração...” Aqui o original grego para conferir é Syballo, que significa conectar diferentes pensamentos e informações na mente, ponderar, considerar, meditar, contemplar. Parece ser da natureza de Maria essa consideração cuidadosa e deliberada, o uso de suas faculdades mentais para viver de forma sábia. Encontramos eco desse traço em outras mulheres da Bíblia.

Há outros exemplos de mulheres inteligentes e ponderadas na Bíblia, entre elas estão Débora e Abigail. Ao conduzir suas escolhas e decisões com inteligência são aprovadas por Deus e honradas por Ele.

A juíza Débora é descrita como sábia ao julgar e sua habilidade não só como orientadora, mas como estrategista militar é louvada por seus comandantes, homens de guerra experimentados; seu discernimento espiritual e encorajamento a tornavam indispensável até nos campos de batalha.

Abigail, com sua sabedoria e prudência, resposta rápida e objetiva diante das dificuldades e sua diplomacia não só salvou a vida de muitos como lhe angariou reconhecimento público a ponto de torná-la esposa do Rei Davi.

Se nossa identidade como Filhas de Deus inclui uma vocação para o auxílio e fortalecimento eficazes, então a inteligência, a sabedoria, a reflexão e a ponderação, em detrimento do emocionalismo, são características que devemos buscar. Lembrando de Tiago 1.5, devemos pedir sabedoria diretamente a Deus. Quanto mais dispostas estivermos para ponderar e expressas nossas dúvidas, opiniões e questionamentos de forma sincera e transparente, mais longe nós mesmas e as pessoas ao nosso redor chegarão.

b)    Desorientação x Senso de Propósito:

“A liberdade é o que você faz com o que foi feito de você.” Sartre

Algo que marca a trajetória de Bovary é a desorientação. A forma errática como conduz sua vida, reagindo de forma irrefletida aos estímulos ilusórios, que ia interpretando apenas pelas vias de uma percepção viciada e do emocionalismo, criou um caos irreversível dentro dela mesma e ao seu redor. Ao não ter nenhuma clareza sobre quem era, sobre o que queria e precisava, se perdeu em um ciclo de eventos sem sentido que a destruíram por completo e tornaram sua vida irrelevante. Emma não tinha raízes onde se apoiar, suas referências são fracas e subjetivas, sua noção de eu é efêmera, sua compreensão de vida é focada em aparências, ostentação e paixões voláteis.

Maria, ao contrário, ao compreender a verdade de que “para Deus nada é impossível” e ponderar naquele argumento com todo ser, revisita suas crenças e valores. Se há um Deus capaz de criar um mundo, de libertar o povo judeu e o proteger de tantas perseguições por séculos, por que Ele não poderia fazer o que o anjo anuncia? Isso FAZ SENTIDO PLENO para Maria, em vez de desorientá-la, aquela mensagem lhe deu perspectiva e ela não titubeia:”...Aqui está a serva do Senhor; cumpra-se em mim a tua palavra...” (Lucas 1.38) Havia uma realidade transcendente maior do que tudo, maior do que o mundo, maior do que ela mesma. Havia um Alguém infinitamente superior e mais perfeito a quem ela poderia se dirigir e em quem confiar; havia um Algo maior para o que dedicar sua vida.

Como Filhas de Deus devemos compreender que existe um propósito maior em nossa existência que vai muito além das escolhas do cotidiano dessa vida efêmera e precisamos nos entregar para essa missão, dispostas a pagar o preço pelo cumprimento dela, sabendo que em Deus nosso trabalho nunca é vão. Quando Deus nos revela Seu propósito singular para a nossa vida, exige que abramos mão de determinar nós mesmos a melhor maneira de viver.

“Quem tem um porquê para viver suporta quase qualquer como.” Nietschie

No ‘modus operandi’ Bovary não se ouve ninguém além do próprio ego, somos escravas de nossas próprias demandas imaturas e egoístas, refém de demandas confusas e contraditórias que nos desorientam e não satisfazem, o resultado é o vazio.

No ‘modus operandi’ Maria existe um alvo definido; um propósito claro a alcançar; um Pai a quem prestar contas, honrar, adorar e obedecer; um caminho a percorrer e uma recompensa garantida a nos esperar. Nosso coração é calibrado de forma perfeita, não há confusão ou desperdício.

Outra mulher da Bíblia que nos ensina muito sobre esse Senso de Propósito é Ester com seu conhecido “...se perecer, pereci.” (Ester 4.16) A história de Ester é, muitas vezes, compreendida de forma muito romântica. Assuero não era nenhum príncipe encantado, era um rei ímpio e colonizador; vaidoso de suas conquistas e riquezas a ponto de ficar meio ano se gabando delas, bebia muito e era dado a festas e orgias; sua esposa era alguém que ele considerava parte dessas riquezas a serem exibidas. Vasti se recusou a essa humilhação, naquela época era comum reis exibirem as esposas nuas, inclusive) e foi punida por medo de que outras esposas também se rebelassem. Na busca por uma esposa para o rei, “muitas moças foram levadas”(v.8), ninguém estava se inscrevendo num concurso de beleza. Ester sequer podia falar, inicialmente, a que povo pertencia. Só se apresentava ao rei se ele quisesse, podia facilmente ser morta por ordem de um soberano que tinha um Hamã como melhor amigo. Ao invés de lamentar a sorte, Ester se entregou, no momento oportuno àquilo que reconhecia ser, provavelmente, o propósito de Deus para sua vida. Estava disposta a pagar o preço. Maria aceitou o Chamado, Abrão aceitou o Propósito, Ester aceitou a Missão, Paulo aceitou a Vocação. Tudo o que estivermos dispostos a fazer por Cristo será sempre menor do que Ele se propôs a fazer por cada um de nós!

 

c)     Individualismo x Vida de Relacionamentos:

Os únicos relacionamentos aos quais Emma Bovary se dedicou, na narrativa de Flaubert, foram aqueles que estavam a serviço de tentar satisfazer as demandas de seu EGO, utilitários para a manutenção de suas manias de grandeza. Emma não tinha amigas, parentes ou mentores, não amava o marido ou a filha, seus amantes não eram de fato amados como sujeitos. Ninguém a tocou realmente.

Maria, por outro lado, assim que se encontra com o anjo e se entrega ao propósito revelado de Deus paras sua existência, procura sua prima Isabel, que também tinha sido tocada pelo Espírito Santo. Fica com ela 3 meses e esse encontro é tão edificante que a faz irromper no maravilhoso Cântico de Lucas 1.46-55. Maria compreende ainda melhor tudo que está lhe acontecendo após conversar com outra irmã madura na fé e adorarem juntas.

Não há como perseverarmos sem amigos de confiança.

Segundo o maior estudo sobre estudo sobre a felicidade já realizado, feito ne Universidade de Harvard, o segredo para a vida longa e feliz está na qualidade de nossas amizades. https://www.bbc.com/portuguese/articles/cxe3pgjzj3no .

Como já dizia o fabuloso poeta inglês do século XVI, conhecido por suas Meditações, “Nenhum homem (ou mulher) é uma ilha.”

Alguns evitam compartilhar suas lutas e sentimentos, vivendo de aparência e ostentando felicidade falsa em redes sociais, mas isso também é egolatria. Deus nos chamou para amarmos e suportarmos uns aos outros. Ninguém será vencedor sozinho no Reino de Deus. Dependemos de Cristo e uns dos outros. A convivência real, profunda e saudável nos ensina empatia, nos faz ouvir opiniões alheias, nos obriga a colocar nosso Ego no lugar dele ( ou seja, ao lado dos nossos amigos, não acima deles), também nos nutre de afeto, de risadas, de lágrimas compartilhadas, de compreensão, abraços e momentos curativos. Tal qual a Trindade é um relacionamento, fomos criados para nos relacionar.

A Bíblia inclusive, insta as mulheres mais velhas a ensinar as mais jovens e o jeito feminino de ensinar e aprender é na RODA, de conversar, de artesanato, de oração. Na RODA somo todas iguais e diferentes, ninguém fica para fora e a comunhão nunca termina.

“Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão.” Provérbios 17.17

Outra mulher da Bíblia que nos ensina sobre amizade é Ruth. A forma como ela se conecta à sua sogra Noemi e decide acompanhá-la em seu destino é comovente. Em Moabe, terra natal de Ruth, sua condição de viúva, inclusive, seria muito menos sofrida do que em Israel. Por conta de questões culturais e religiosas, a condição de viúva, de mulher solitária e/ou idosa tinha um papel menos indigente e mais vantajoso, mas Ruth escolhe acompanhar sua sogra mesmo em situação mais penosa e mesmo sendo uma estrangeira. Sua entrega de amor por sua sogra foi reconhecida e honrada por Deus que não somente mudou sua sorte, mas a colocou na linhagem do Salvador.

 

CONCLUSÃO:

A mulher segundo o coração de Deus, que tem como referência para si mesma o caráter de Cristo e Sua Palavra, obtém de sua relação com o Pai a fonte primordial para a construção de sua Identidade. Ela é como um prisma a refletir, através de suas características peculiares, experiências singulares, formação individual e história pessoal, a Luz de Cristo, tornando-se “a melhor ela mesma” que ela puder ser nEle. Dentro das características gerais pensadas por Deus para suas filhas temos: Ser uma auxiliadora idônea, sábia e reflexiva, capacidade de se entregar ao propósito de Deus e capacidade de se conectar com outras pessoas.

 

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
- Romanos 12:2 

 

Oração: “Senhor, nos ensina a cantar suas graças porque o barulho desse mundo é perigoso...”

 



[1] Arquétipo: Modelo primário a partir do qual outros seres, objetos e ideias são criados. Podem representar padrões de comportamentos, símbolos ou imagens universalmente compreendidos.